Não só de pedal vive um ciclista, e é fundamental dar uma folga dos treinos específicos, pois bem, aí estava a oportunidade, fazia tempo que eu não corria e também queria ver como estava meu potencial aeróbico e muscular, já que eu terminava as rústicas bem ofegante e com dores musculares. No ciclismo, não temos tanto impacto como na corrida, por isso sabia que eu iria estranhar um pouco, ainda mais sem treino, mas vamos lá. Nesse tempo na academia eu e o professor Taimar Marinho especialista em treinamento desportivo e fisiologista (meu pai e treinador), conseguimos mobilizar uma turma para as corridas, como complemento e motivação para os treinos entediantes na musculação, e o pessoal encarou legal, e essa seria mais uma prova para os que já estavam disputando a algum tempo, e eu queria acompanhar o pessoal novamente. Consegui autorização para sair mais cedo da academia, já que a corrida era noturna, chegando lá fiquei surpreso com o público, em torno de 200 atletas. Aqueci junto com o pessoal da academia, e alinhamos para a largada, fui lá pra frente, lembrei das gurias procurei lá atrás tentando achá-las no meio da multidão, achei e fomos um pouco mais pra frente. Dada a largada, fiquei pensando nas outras provas, onde eu começava forte e tentava manter o ritmo, mas sempre dava uma caída, dessa vez com tantos competidores fortíssimos um pódio seria muito improvável, então comecei num ritmo fraco, com intuito de curtir a sensacional corrida na orla da praia e a noite, bom, não dava pra ver um palmo na frente e a maioria das tochas estavam apagadas, mesmo assim estava muito legal.
Na travessia do riacho, tinha uma tábua sinalizada com tochas, mas muito estreita, resolvi atravessar no riacho mesmo, e devido a escuridão total quando saí do riacho atropelei uma tocha, “minha bermuda foi pro saco será?” ri da situação e segui. Estava sendo ultrapassado e comecei a me incomodar, aumentei o ritmo até ver a frente a Aline Missiunas “opa, ela corre pra caramba, melhor baixar o ritmo pra não morrer”, fiquei um pouco atrás, depois encostei, cumprimentei-a e recebi a advertência “Cuidado os tornozelos”, aumentei a passada e estava me sentindo inteiro, respiração e freqüência quase que em repouso, realmente as horas de treino encima da bike ajudaram bastante. Chegando no ponto de hidratação, onde fazíamos o retorno peguei dois copinhos, destaque para os pequenos escoteiros, entusiasmados com a responsabilidade e mandando muito bem, aí me veio um breve pensamento, por que em cada evento destes não levar alunos de alguma escola para apoiar, participar? Voltando aos copinhos, um foi todo pra cabeça, pois agora estávamos a favor do vento e veio aquele mormaço, a água gelada refresca, é óbvio. Do outro copinho dei um breve gole pra limpar a boca e joguei no peito, que delícia. Agora sim, abri a passada, e aumentei consideravelmente o ritmo, comecei a passar o pessoal, dentre eles, atletas bem fortes, mas eu estava me sentindo muito bem, nem o chato do meu joelho direito incomodou, posteriores da coxa estavam achando aquele corridinha uma brincadeira, panturrilhas ardiam um pouco pelo impacto, nada sério, de resto inteiro. Faltando uns 400m para a chegada avistei um corredor bem alto, com uma passada quilométrica, estabeleci a meta, chegar na frente dele, aumentei mais ainda a passada, e fiz a chegada quase em apnéia. Recebi a medalha, fui direto pegar uma água, limpar a boca, e voltei para ver os que vinham chegando, aí reparei que nem ofegante estava, na verdade estava muito tranqüilo. O corredor que ultrapassei no final era o João, cara gente boa. Bom, no final vi a colocação, Veleda chegou em primeiro no tempo incrível de 16’10” , eu em 23º lugar, no tempo de 20’59”, 11 segundos atrás da Daniela Lourenço, 15 segundos atrás do Marlos Domingues. Por essas referências fiquei super satisfeito com o resultado, mesmo sem treinar especificamente pra corrida, usando apenas o preparo das pedaladas.
Parabéns aos atletas da Mundo Fitness também, que surpreenderam, como sempre.
Próxima rústica, dia 04 de março, no dia da Supermaratona, 10km.
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