quarta-feira, 28 de março de 2012

Protesto na ERS 734



 Moradores do Bairro Bolaxa, hoje (28/03) protestaram por uma ciclovia na ERS 734, para ligação entre o próprio bairro Bolaxa e o Cassino. A paralização da estrada começou por volta das 17hs e se estendeu até umas 18hs interrompendo o trânsito no sentido Centro - Cassino, criando um engarrafamento de 5km. Várias pessoas apoiaram a iniciativa, outras além de não apoiarem, cometeram infrações de trânsito, como andar encima da calçada, contramão, retorno em lugar indevido.....
Andando por cima da calçada
Advertido pelo policial
Além de reinvidicarem por uma ciclovia, os moradores do bairro Bolaxa também pedem por uma rótula de acesso ao bairro, já que com a duplicação, é necessário andar em torno de 1km até a próxima rótula, que, segundo comerciantes, acabou prejudicando o comércio local. Outro grande problema no local é a faixa de segurança usada por alunos da Escola Ana Nery, simplesmente os carros não respeitam, mesmo se tratando de crianças, passam em alta velocidade, fato este, presenciado por mim que trabalho próximo ao local.
Bem, a ausência ou condições de ciclovias e ciclofaixas é um grande problema em todo país, e cada dias mais reivindicada a construção pela sua necessidade. Considerando o investimento necessário e manutenção quase inexistente (isso no Brasil, que utiliza asfalto vagabundo, para sempre ter uma obra para desviar alguns trocados). Então por que é tão difícil o governo ter a iniciativa de implantar as ciclovias? Um dos motivos já citei, ciclovia não tem manutenção, afinal bicicleta é infinitamente mais leve que veículos automotores, e mesmo nas estradas feitas aqui, uma ciclovia nunca teria um buraco, por exemplo.

Outro motivo, transporte público é algo que dá dinheiro, e muito, uma cidade com uma boa infraestrutura para os ciclistas, acabaria trocando o vergonhoso ônibus atrasado e lotado, motoristas irresponsáveis e cobradores mal humorados, pela prática saudável e econômica das pedaladas. Mais outro motivo é o Sr. Imposto, uma boa fonte de renda para políticos, uma bicicleta não gasta combustível e não paga IPVA, porém quem compete como eu, paga taxas altíssimas em produtos importados, este é outro problema. Mas para deslocamente urbano uma bicicleta simples e nacional, dá conta tranquilamente, além de ser uma opção ecologicamente correta, que contribui para o meio ambiente, é uma boa forma de economia que também contribui para uma vida saudável.
Veículo que mesmo sob ordem do policial não diminuiu a velocidade, parando quase encima da faixa de segurança. Motivo: Falando no celular, sem cinto de segurança...
Eu e mais um bom número de ciclistas usamos o trecho entre Cassino e Bolaxa para treinar, considerando as vias duplicadas e triplicadas é um bom local, mas mesmo em horário de pouco trânsito, sofremos muito com a falta de respeito de carros, ônibus e caminhões. Uma ciclovia ou ciclofaixa no local, dificilmente seria usada por nós, que pedalamos numa média de 30, 40km/h chegando até a velocidades superiores, o que colocaria em risco os demais ciclistas, e pedestres que com certeza usarão esta via.
Rio Grande tem um grande potencial para ter ciclovias ou ciclofaixas ÚTEIS, não uma ciclovia compartilhada que vai do início da Av. Atlântica ao final da mesma, falo em ciclovias que liguem um bairro ao outro. Para quem não esta acostumado a distância pode assustar, mas acreditem, pode ser mais rápido, saudável e confortável do que esperar numa parada com riscos de assaltos, lidar com os atrasos e superlotações, e a demora no deslocamento de ônibus.
Andando na contramão

Também pela contramão
E quem já passou por São Paulo, aquele trânsito caótico que segundo especialistas não tem conserto, imaginem se os deslocamentos fossem feitos de bicicleta? Alguns irão citar até com razão, falta de segurança e infraestrutura, mas levanto outra questão, ostentação, cada um gasta no que lhe for conveniente segundo suas prioridades, para alguns andar numa bicicleta de 5 mil reais é um absurdo, para outros, andar num importado que alcança quase 300km/h, para se "deslocar" num engarrafamento é loucura. Mas o que chama mais a atenção, o carrão ou a bike?


Como referência temos a Bélgica, que simplesmente tem ciclovia em praticamente todos lugares, lá também se pode alugar bicicletas para ir de um ponto a outro. E algumas empresas pagam a seus funcionários por cada quilômetro de deslocamento para ir ao trabalho de bicicleta, com isenções do Estado.
Sistema de eletrônico de aluguel em Barcelona

Barcelona

Florença
Subúrbio de Paris

Bélgica
Não, não é no Brasil
Então, ciclovias, ciclofaixas, aluguéis de bicicletas, segurança e toda infraestrutura para ciclistas são somente consequência de uma cultura que preserva o meio ambiente, não gasta dinheiro a toa, preocupa-se com a saúde e preza pelo bem estar dos usuários.

terça-feira, 27 de março de 2012

1ª Etapa Zona Sul de Ciclismo - Prova de Estrada

Mais de cem atletas
Na primeira prova de estrada que participei na 1ª etapa do Citadino de Speed, corri muito mal, quebrei com poucos quilômetros e pinguei do pelotão, e em prova de estrada, perder o pelotão é quase o final da prova, já que este vai revezando os atletas da frente, garantindo vácuo constante para os demais e dando um ritmo forte ao pelotão, ir sozinho é muito difícil.
Meu objetivo era no mínimo me manter no pelotão e conseguir um lugar no pódium, somando com meu 1º lugar no Contra Relógio.
A prova seria desta forma, categoria estreante e feminino - 1 volta. Master 2, Master 1, Master MTB, Elite MTB - 2 voltas. Master A, Sub 30, Elite Speed - 3 voltas. Largada em frente ao Hotel Atlântico, contornando Avenida Rio Grande, indo pela RS 734 até o Trevo, e retorna. Ou seja para minha categoria ELITE MTB seria em torno de 48km. A largada foi separada e controlada, indo no primeiro pelotão as categorias que dariam 3 voltas, e no segundo pelotão as demais. Início forte, em torno de 40km/h, caindo até 33km/h. Pelotão tenso, com vários ataques principalmente nas subidas do Parque São Pedro, e do Trevo, muitos toques, mal pude beber água, qualquer descuido poderia dar em acidente, e mesmo assim todo cuidado era pouco, até bati num cone que dividia a via, sorte que este atravessou esta e não foi para dentro do pelotão.


Perto do Country Club, eu que estava na lateral, acabei sendo empurrado para fora, perdendo o vácuo, não consegui entrar, então dei um ataque curto para o pelotão abrir um pouco, sabendo que cada ataque um ciclista do pelotão afogava e alguns pingavam, voltei para o mesmo.

Na altura do bairro Bolaxa, num toque de roda, dois atletas caíram no meio do pelotão, sorte que deu tempo deste se abrir, e sorte que eu estava na lateral, consegui puxar para fora, mas se viesse um carro..... Esta seria a primeira volta, quando chegamos perto da linha de chegada o ritmo aumentou, e nós do MTB abrimos para os Estreantes, concluírem sua prova. Feito o retorno, acabei perdendo o pelotão, até porque cheguei junto no sprint dos Estreantes, dei uma afogada, mas logo me recompus e cacei o pelotão de novo.
Pingado do pelotão
Caçando o pelotão
Agora era nossa última volta, o ritmo aumentou, ao mesmo tempo que todo mundo queria se poupar para a finaleira, faltando uns 2,5km o Breno Araújo deu um ataque, pelotão conseguiu controlar, faltando 1km começou a abrir, ninguém queria ficar preso alí no meio.
Momento do Sprint
Sabendo que minha bike leva um pouco mais de tempo para pegar velocidade pelo tamanho da roda, mas depois mantêm, ataquei faltando uns 500 metros, acompanhado pelo Marcos Lumbras, e outro ciclista por outro lado, eu e Marcos nos mantivemos na frente brigando pela posição, em seguida passa o Emerson Domingos sprintando forte, comecei a acompanhá-lo, quando encostei, num piscar de olhos vi uma ambulância que estava alí para atender outro acidente provocado por um cavalete usado para interromper o trânsito, que foi deixado atravessado enquanto o Pelotão de frente vinha em alta velocidade, resultado foi um acidente feio, deixando vários ciclistas na via, que foram removidos com a ajuda do meu pai, sabendo que nosso pelotão estava vindo para concluir a prova. Pois bem, a ambulância que foi para atender este acidente, estaciona na via que vínhamos, como se não bastasse a moça abre a porta, fazendo com que o Patrulheiro da Rodoviária desviasse, e o Emerson batesse a 59km/h na traseira sendo arremessado para fora da pista, eu tendo que desviar para não bater no Patrulheiro que balançou após a batida. Quando desviei, acabei me dando de encontro com o Marcos jogando ele para o lado, que mesmo assim conseguiu seguir, em seguida passam outros ciclistas que conseguiram desviar, e eu vendo que não conseguiria acompanhar e ainda assustado só deixei a bike ir rodando até a linha de chegada.
Infrações a todo momento
 Retornei rápido para ver o estado do Emerson, todos com os ânimos exaltados pela tensão da prova e os acidentes, inclusive e principalmente eu, muito bate boca, alguns achando que toda aquela série de irresponsabilidades dos "responsáveis" por garantir a segurança pública, e falta de conhecimento de como funciona uma prova de ciclismo, era completamente normal e "coisa do esporte". Me recuso a achar que isso é coisa do ciclismo, infraestrutura é uma questão básica de segurança. Sugiro para as próximas provas, reunírem todos envolvidos, motoristas de ambulâncias, patrulheiros, escolta de apoio etc para explicar como funciona uma competição e seus riscos. Ninguém tá alí para por a vida em risco, e como alguns me disseram quando eu falava que era um absurdo tudo que acontecia, "não quer correr risco faz spinning", sim, eu faço spinning, treino resistência ao ácido lático com spinning também, o que me garantiu 1º lugar na prova de contra relógio, na Elite MTB. Aos que também citaram a falta responsabilidade em não termos visto e desviado a ambulância e o patrulheiro, informo que sprint de verdade é quase em apnéia, e em alguns momentos vamos de cabeça baixa, beirando os 60km/h fica meio difícil ter alguma reação... Pois bem, o pior foi a tentativa de agressão de um senhor da mesma "equipe" que eu, enquanto eu exigia respeito e segurança a todos nós ciclistas. Aí fica difícil....
Graças a minha pontuação no Contra Relógio, consegui o 2º lugar, realmente foi muito bom, senão fosse o acidente, havia muita possibilidade de um 1º lugar. Mas o que importa de verdade, é que todos estão bem, algumas escoriações, um atleta com uma lesão na clavícula, uma bike de fibra de carbono quebrada, mas todos sãos e salvos. Parabéns a todos atletas que pedalaram forte e ao sr. Anderson Rodrigues pelo comprometimento na organização e pelo comportamento diante de toda situação.

1ª Etapa do Zona Sul de Ciclismo - Prova de Contra Relógio

Abertura do Zona Sul de Speed contou com duas etapas para pontuação, no primeiro dia (24/03) tivemos a prova de Contra Relógio, e no segundo dia (25/03) a prova de Estrada.

William Voigt, o primeiro a largar
A prova de Contra Relógio ou Time Trial, consiste como o nome já diz, numa corrida contra o relógio, sozinho. Foi realizada na Nova Atlântica, a nova via asfaltada que liga o Cassino ao Tecon 6,4km somando ida e volta. Parece fácil né? Pois bem, nesta distância não há recuperação como em nossas provas de mais de 50km, ou seja, o atleta pedala o tempo inteiro no limite e com a perna queimando sem nem cuidar a respiração. A largada também muda, de uma prova tradicional, no contra relógio os atletas são largados clipados, ou seja, já com os dois pés presos no pedal, enquanto alguém o segura encima da bike. Cada atleta larga de 1 em 1 minuto, autorizado pelo fiscal.
Bom, nunca participei de um Contra Relógio, mas já tem um bom tempo que tenho tiros de 2, 5 e 10km em meus treinos, e mais os treinos na musculação e spinning, já que o Contra Relógio envolve muita força e potência. Fizemos dois dias seguidos de treinos no local, em companhia do Mário Menger, Walter Frenzel e Arthur Hallal, meus tempos no primeiro dia foram os piores, e conversando com meu preparador notamos que enquanto os outros chegavam tontos, eu chegava bem, ou seja, faltava me doar um pouco mais.
Carisma da campeã Aline Costa

Consegui emprestado com Waldemir Marques um par de pneus GTK 700 X 23 MAEL STROM KEVLAR, o mesmo tipo de pneu que calça as bikes speed. No segundo dia de treino, fui pra resolver meu tempo ridículo, dito e feito, mesmo largando desclipado, com vento forte e chuva, fiz 10'52".
Chegando do treino dos 10'52"

Minha largada estava prevista para as 15:07, acordei cedo, lavei a bike, e aí entrou meu amadorismo, fui regular a transmissão, era um detalhezinho, pois bem, fui ver a largado do nosso amigo Walter as 13:32, acabei fazendo o trabalho de segurar a bike dos atletas, reparei que largavam muito pesados, demorava até pegar velocidade, voltando pra casa, fui ensaiar que marcha eu largaria. Minha regulagem esculhambou a relação, e cada vez que eu subia nos pedais e forçava, a corrente estalava a ponto de escapar da coroa, cheguei em casa correndo, tentei arrumar, não consegui. Não tinha mais tempo e fui assim mesmo, comecei a aquecer, e pensei na minha estratégia, esta que é definitiva numa prova de contra relógio. Se eu largasse com a transmissão pesada, ela iria "saltar", então largava "leve" e ía pesando conforme ganhava velocidade, perderia alguns segundos mas era o jeito.
Aguardando o timer

Fui chamado no som para alinhar, aqueci mais um pouco, e alinhei. Resultado de largar leve foi a bike sair levantando a roda dianteira, fui girando rápido e quando comecei a trocar a marcha e fazer força, ela estalou, agora tinha que compensar. Fui tão rápido a ponto de ultrapassar o atleta que largou 1min na minha frente antes até do retorno. Fui apoiado nas "canelas" (garfo da bike), para ganhar aerodinâmica, no retorno, mais um pouco de estalo, e mais outra compensação, a perna queimava com o giro forte, então eu pesava mais um pouco a relação, aliviava eu aumentava o ritmo, queimava eu reduzia marcha aumentava o giro e assim fui indo. Na ida com o vento lateralizado um pouco a favor, procurava manter 40km/h, pouquinho mais, pouquinho menos, na volta com o vento contra, mantive 30km/h. Na penúltima curva para a chegada, aumentei o ritmo, aí sim a dor era tanta que chegava a adormecer a perna e não parei, nos metros finais, mais força ainda e passei beirando os 40km/h na linha. Sabia que tinha feito um tempo melhor que nos treinos, porque dei o melhor.
Sprint da chegada
Tivemos alguns erros nos tempos, meu ciclocomputador não tem cronômetro, então não fazia a menor idéia do tempo, meu pai que não marcou exatamente quando larguei, anotou 10'37". A organização calculou um tempo bem acima disso, e eu quebrava a cabeça para saber o que poderia ter dado errado, e enfim chegamos a uma conclusão, eu fiz a ultrapassagem, ou seja meu tempo de chegada foi marcado para o atleta que saiu na minha frente, e o tempo dele foi marcado para mim.
Erro identificado, meu tempo oficial foi 10'49", garantindo 1º lugar no Contra Relógio na categoria Elite MTB.
Dor, dor e dor, em meio a satisfação

Ricardo Costa (Nobre Bicicletas) levou minha bike para ajustar para a prova de estrada do dia seguinte.

quarta-feira, 21 de março de 2012

2ª Etapa Zona Sul MTB Maratona -18/03

Pelotão de frente
Ainda não competi todo o campeonato Zona Sul, mas até então um dos meus percursos favoritos é o Boqueirão. Um lugar bonito, variado, tem um bom nível técnico e é onde mais gostei do meu desempenho, mesmo que os 57km encarando subidas, algo que não temos aqui em Rio Grande, seja considerado bem desgastante entre os ciclistas da região. Tirei 6º lugar, realmente tem bastante gente melhor que eu, mas cada dia que passa sinto que estou melhorando e no tempo certo, e nesta corrida pude por em prática os treinos que vinha fazendo, e prefiro mil vezes fazer força pra escalar do que ir contra o vento.
Bikes bem transportadas, graças ao Mário Menger - Infoplanet Cassino

Bem, vamos aos detalhes, consegui aquecer bem, e entrei um pouco atrasado na largada, atrasado porque eles separam os pelotões e eu teria que ir no pelotão de frente, uma briga me enfiar com a bike no aperto, e quando achei um espacinho, olhei na volta, minha Specialized parecia uma barra forte no meio de todas aquelas bikes tops, até tinha umas simplesinhas mas não era muito fácil de achar. Além do nível dos atletas, percebia-se que a corrida seria boa. Dada a largada controlada, não me afobei, até tentei ficar atrás do Derlain Lemos, meu amigão, experiente não iria se matar no início como eu já fiz algumas vezes. Mas nem consegui, tinham muitos ciclistas e a descida inicial no asfalto, mesmo controlada é forte e tem que estar toda hora beliscando os freios. A controlada terminou após passarmos por uma ponte estreita e entrarmos numa subida longa, aí foi lindo de ver os caras de ponta escalando forte, escapando do resto pelotão. Então ficamos, eu, Derlain, Breno e Pablo, todos da Nobre, trabalhando juntos. Eu e o Breno começamos a andar com facilidade nas subidas e escapamos, nos juntando a outros dois ciclistas de equipes diferentes, um categoria Elite e outro da nossa, Junior.

Largada controlada
Quando se está clipado no mountain bike, ou seja, com a sapatilha presa ao pedal, é fundamental estar atento, principalmente nas subidas de terreno solto, se a bike derrapa muito, vem o desequilíbrio, se não desclipa rápido, cai. Atento a isso, eu que gosto de usar os clips bem apertados, afrouxei para esta prova. Pois bem, um ciclista bobeou, derrapou, não conseguiu desclipar e caiu encima de outro que também estava na nossa frente. Eu e Breno desclipamos rápido e tivemos de escalar a pé, por isso as sapatilhas de mountain bike tem travas bem grandes.

Me sentia muito bem nas subidas, era difícil, mas os treinos de força na musculação e os treinos aeróbicos láticos faziam diferença, tanto na escalada, quando na recuperação, e pra descer todo santo ajuda, e aí entrou a bike. Pedalo numa bike "29er", rodas de 29 polegadas, embalam muito bem e engolem os buracos, mesmo assim pra poupar, eu saltava alguns. Como da primeira vez que eu corri, tomei uma queda, fui bem cuidadoso, ainda mais que a bike pegava velocidade muito fácil, passava os 60km/h em terreno acidentado, e finalmente meus pneus Specialized Fast Trak 2.0 mostraram seu valor, mantinham a bike agarrada e segura. Uma coisa que me dava medo era o número de ciclistas sentados na beira do caminho trocando pneu, se o meu furasse eu levaria um século para trocar. Mas nada foi pior do que numa das descidas, eu e outro ciclista que vinha comigo avistarmos alguns ciclistas sinalizando no meio do caminho, seguramos forte numa descida que vinha de uma série de outras descidas com curvas e pedras, quando passamos por eles, ouvimos gritos de dor, um ciclista se perdeu na curva e caiu ladeira abaixo no mato, fraturou o punho. Infelizmente acidentes no ciclismo são comuns e mesmo que não seja um conhecido, é horrível ver um companheiro do pedal se acidentar. Como este já estava sendo atendido, seguimos caminho, logo adiante encontramos um fiscal de moto e o avisamos do ocorrido.

A modalidade da prova era MTB Maratona, porém tinha uma trilha estilo Cross Country, que entrei todo desconfiado, pois era bem escondida e fechada num túnel de árvores, no meio do mato. Nunca tinha encarado este tipo de terreno, e não fazia a menor idéia de como a bike se sairía, e aí veio a surpresa, subida íngreme com pedras e galhos e bem acidentada, onde mal cabía a bike, não havia margem para erros pois se eu caísse desceria rolando no mato, se eu desclipasse sofreria muito para subir a pé, isso se conseguisse, nesta dúvida, aparece um mini barranco bem no meio e logo em seguida uma pedra enorme enterrada, mordi o beiço atravessei pelo barranco que fazia com que o pneu tivesse contato somente lateral e passei por cima da pedra, que maravilha, a geometria da bike foi feita para isso e as rodas 29 mais uma vez me deram tranquilidade, e eu me saí bem.
Por volta dos 30km, meu ritmo sempre caí, dessa vez não, estava bem confortável na prova, como eu já disse o local é bem bonito, subidas não me incomodam tanto e é tão bom provar da adrenalina que as descidas kamikazes dão.

A paisagem era sensacional em todos os pontos
Estava ansioso pela hidratação, minha água mesmo numa caramanhola térmica e o repositor hidroeletrolítico estavam quentes, e logo em seguida avistei o ponto de hidratação, geralmente eu passo sem baixar o ritmo, pego um copinho e me viro com ele, mas vi que alguns ciclistas tinham parado, e não eram da minha categoria, quando a moça me estendeu a água, desclipei, peguei o copo coloquei no bolso da camisa, ela me ofereceu mais um, pra camisa de novo e pedi outro, agradeci e me fui. Não estava gelada, mas bem melhor que a minha, mordi, tomei e joguei no corpo. Que sensação, parece um dopping, e da-lhe pedal.
Muita poeira

Faltando em torno de uns 5km para o término da prova, avistei 3 ciclistas da mesma equipe uns 300 metros a frente, quando me viram, não aumentaram o ritmo, portanto entendi que não eram da minha categoria, mas não tinha como ter certeza porque a placa da numeração que leva a cor da categoria fica na frente da bike. Estava num ritmo forte e rapidinho cheguei até eles, ultrapassei conferindo, dois deles eram sub 30, e o outro, Junior. Aumentei mais o ritmo, e aproveitei uma descida longa pra escapar forte, na reta final da chegada ainda dei uma olhada, nem sinal deles, beleza!!!
Disputa acirrada na minha categoria

Tirei 6º lugar, apesar de ter ido muito bem avaliando e comparando comigo mesmo, me surpreendi. Infelizmente nao consegui uma colocação melhor, até porque meu desempenho é independente dos demais, e estes são fortes mesmo. Mas fiquei feliz, terminei bem, sem muitas dores, sem muita ofegância, e o mais importante, percebi uma melhora no meu desempenho com os novos treinos, conversando tanto com meu preparador quanto ciclistas de ponta, até um ano o foco principal é a melhora no desempenho e a atenção na formação de um bom lastro, não em colocações, o melhor está por vir, hehehehe. Além disso, tudo é muito relativo, por exemplo, se eu estivesse na Sub 30, categoria que eu disputo no Campeonato Citadino e que no Zona Sul não tenho a idade mínima para ela, em vista dos competidores que cheguei na frente, teria concluído numa colocação melhor do que na Junior (nesta prova).
Isso aí sim é fora de série

O bacana destas provas é o sentimento de superação e companheirismo entre os atletas e tudo isso em meio a todo aquele ambiente de competição. Nas ultrapassagens há sempre o cumprimento e as palavras de motivação, isto é sensacional, mas é para poucos. Muita gente de fora critica o esporte de alto rendimento encarado de forma competitiva, mas destes, ninguém se presta a treinar forte, abrir mão de muita coisa, mudar o estilo de vida para conseguir estar alí, no meio da poeira, sol forte, sentindo dores pelo corpo, e mesmo assim conseguir sorrir, cumprimentar teu adversário e morder o beiço para superar seus próprios limites.

Gurizada forte

Maiores informações e mais fotos: http://www.ulcmtb.com.br