terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Na estréia deste blog vou fazer um resgate de minha atuação no esporte a partir de minha chegada na cidade de Rio Grande para ingressar no Ensino Superior, Educação Física é claro.

Comecei participando do treinamento de alguns atletas amadores e incentivando-os a participarem das corridas de rua promovidas pela ACORRG (Associação de Corredores de Rua de Rio Grande). Nas primeiras provas já conseguimos colocar no pódium, atletas que nunca haviam corrido na vida. Como incentivo fui correr junto, e mesmo hoje sendo ciclista, não abandono as rústicas.

Logo após, decidi incluir a bike na minha vida como meio de transporte, casa-trabalho-faculdade, totalizando quase 50 km diários, o que me deu um lastro fisiológico bom. No início parecia loucura, palavras dos meus “desmotivadores de plantão”, hoje é um bom passeio. Antes disso vale lembrar que foi com incentivo do meu grande amigo Derlain Lemos que resolvi adquirir uma bike. Com infinitas visitas a outro grande amigo, Ricardo Costa sócio-proprietário da Nobre Bicicletas, que me garantiu uma compra de acordo com os meus objetivos e meu bolso, e minha amada é uma Specialized Hardrock Sport Disc 29, isso mesmo, já comecei com a nova tendência no mountain bike, rodas 29”. Com isso fui lembrando dos velhos tempos de infância onde cheguei a fazer algumas trilhas e ganhar algumas cicatrizes. Aí veio o convite do amigo “Baiano” Waldemir que me convidou para a primeira prova, e Mário Menger que transportou minha bike para a etapa final do Campeonato Zona Sul de MTB Maratona (XCM) no Boqueirão em São Lourenço do Sul, dia 04 de dezembro de 2011. Como fui convidado uma semana antes não havia muito o que treinar, só manter minhas pedaladas diárias e muito frio na barriga. Alinhado para a largada, e com a camiseta da Equipe Nobre emprestada do Derlain, recebi o incentivo do Ricardo “Rhudi, com o que tu tem pedalado, tu tem condições de ganhar”, será mesmo? Não acreditei. Dada a largada controlada, fui controlando a respiração e me preparando para as desgastantes subidas que me falaram, e no início foi difícil, aqui em Rio Grande não tem subida nenhuma e nem o terreno da prova, era tudo diferente pra mim, inclusive aquele monte de ciclistas que me passavam e que eu passava, estava meio perdido e disperso, torcendo que a prova que não tinha nem 10km acabasse logo, até que num descuido com a caramanhola, me distrai e entrei mal numa curva, sai da estrada me arrastando de lado no cascalho, que raiva... Nisso um competidor gritou “levanta que não foi nada”, beleza então, levantei rápido, catei minha garrafa de Gatorade no chão, conferi a bike, e segui pedalando. Esse tombo foi o melhor que poderia ter acontecido na prova, fiquei ligado, mais atento e com mais vontade, quis chegar naqueles que tinham passado por mim, e consegui. Bom, como estava na categoria iniciante o percurso era diferente, e eu sempre me perguntava se não tinha errado o caminho. Quando avistei o posto de hidratação me deu um alívio, peguei a água e senti o copinho bem gelado, era tudo que eu precisava, em seguida sinto alguém mexendo nos bolsos de trás da camiseta, era um garoto da hidratação colocando mais um copinho gelado no meu bolso, esse foi o melhor gesto de 2011 pra mim, foi aí que vi que um simples gesto pode representar muita coisa, dependendo da situação, agradeci ao garoto e aquilo me motivou aumentei o ritmo e peguei alguns trechos de descida, e que descidas, a bike descia a mais de 50km/h no cascalho comigo ora beliscando os freios, ora pedalando forte para aproveitar a descida. Faltando uns 10km para a chegada comecei a fadigar, não agüentava mais buracos, poeira, subidas, pedras, dores, e o ciclo computador parecia estar emperrado de tanta demora nos quilômetros. E mais uma vez, achava que tinha errado o caminho, não via ninguém a frente, nem atrás, então perguntei para os moradores das casinhas na beira daquele estradão de terra: “Passaram outras bikes pra lá”, respondiam que sim e aplaudiam, que povo receptivo de São Lourenço do Sul...

Faltando 3km comecei a pensar, será que chegou muita gente na minha frente? Será que fiz um bom tempo? Essas dores vão passar quando eu descer da bike? Até avistar o arco da chegada, era tudo que eu queria, e mesmo numa subida pra variar, mordi o beiço e pedalei com toda a força, queria que me vissem chegar bem, e ouvi anunciarem meu nome no som, em meio aos aplausos, cheguei vibrando, o Derlain veio até em mim, me cumprimentando e dizendo “Parabéns Pica Pau, tirou 3º lugar, segue girando pra relaxar” disse isso enquanto me empurrava de bike, segui pedalando, respirando, e duvidando, demorou a cair a ficha. Parei e fui falar com ele que me perguntou “tu caiu?” olhei pra mim, estava com o antebraço e a canela cheios de sangue, “é, caí”, e ele mais preocupado com a camiseta que me emprestou do que com meus ferimentos, fui direto tomar banho e trocar de roupa.

O almoço estava delicioso, comi como sempre como, pouco igual um cavalo, ouvi histórias dos ciclistas mais experientes, fiz amizades, fui cumprimentado e parabenizado, embora ainda não tivesse caído a ficha. Até chegar a hora do pódium, quando subi naquele degrau, com o banner da equipe, me trouxeram o troféu, enquanto tiravam fotos, bah... que alegria...


Essa corrida rendeu assunto para a semana inteira, e até hoje lembro a emoção da primeira prova, e isso me motivou a não só passear de bike, e sim treinar sério. Não há como descrever tudo que sentimos quando competimos, mas é tudo de bom...

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