Depois do resultado ruim na minha estreia no ciclismo de
estrada em Bagé, onde revezei com o triatleta e meu amigo Diego Carvalho a
ponta do pelotão, tomando um ataque numa subida e ficando para trás, dessa vez
fui mais esperto.
Ciclismo não é só perna, é fundamental uma boa estratégia e para grandes
resultados é necessário ter ousadia. Pois bem, dia 03/06, frio, muito frio, e
vento, mas quando não venta em Rio Grande? Mas este dia estava especial, vento sul
com rajadas de mais de 70km/h. A prova era em circuito, aprox. 40km, uma
quilometragem baixa para quem está acostumado aos 60km em provas de mountain
bike. Essa era minha segunda corrida de speed, e estava me sentindo muito bem,
fiz bons treinos sozinho e andei com uma galerinha forte também, enfim era só
acertar a estratégia e buscar um bom resultado. Cuidei bem do aquecimento, pois
o frio e o vento eram incansáveis.
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Concentração pra mim é essencial: foco, determinação, agressividade. |
Alinhamos para a largada eu e o Diego Carvalho, nossa ideia obviamente era não
puxar o pelotão, para no final tomarmos um ataque ou então perdermos no sprint
pelo peso da perna, considerando também a questão do vento, quem ficasse na
roda estaria bem protegido, ou nem tanto já que o vento estava lateralizado,
mas mesmo assim, dava para achar um cantinho protegido do lado da roda de quem
fosse na frente. Dada a largada, saltei na frente, mas nada de fazer força, em
seguida o Diego me passou e deu uma boa puxada, fui junto, olhei para trás e
poucos vieram conosco, a maioria ficou fechadinho no pelote.


Encostei do lado
do Diego e comentei com ele, o pelote não queria se expor, então puxei forte
colocando a marca de 54,6km/h, abrimos uma boa distância do pelotão, fizemos o
retorno e encaramos o ventinho contra, e não amaciamos, mantivemos pelas duas
primeiras voltas um passo bem forte, até abrirmos uma distância tranquila,
observamos que dois atletas tinham escapado do pelote, e vinham atrás, um deles
era meu amigão Mário Menger que infelizmente caiu, o que tirou qualquer chance
de sermos alcançados, até pelo passo que estávamos mantendo, passamos por
vários retardatários, e recebíamos palavras de motivação cada vez que fazíamos
os retornos, nossa fuga foi espetacular.

No final, já sentia muitas dores nas costas, pelo frio, pela nova postura na
bike, pelo esforço já que éramos só dois em fuga, pela tensão em controlar a
bike a cada rajada, que por qualquer descuido poderíamos ser empurrados um
contra o outro, e isso não é brincadeira, controlar a bike estava muito
difícil, e num momento fomos surpreendidos, estando a quase 50km/h um galho
seco atravessa
a nossa frente a poucos
metros, imaginem se pega na roda, era uma roda, e era um ciclista inteiro. A
perna ardia, em alguns momentos parecia já nem obedecer, e se não fosse o Diego
estar ali do lado, motivando sei lá como aguentaria. Indo para a última volta,
já vibrava, e muito. Fomos ousados em tentar a fuga na primeira volta, e com
aquele vento, até pelo fato que o Diego é triatleta, não é de andar no vácuo, e
eu também não curto andar em pelotão, fui bem no Contra Relógio e estou
acostumado a treinar sozinho, então nosso esforço valeu a pena. Faltando em
torno de 400m, ele aumentou o ritmo, acabei perdendo um pouco o vácuo, e senti muito
peso na bike. Quando passei a linha de chegada, vieram em mim “Rhudi furou o
pneu?”, respondi que não, fiquei para trás porque não aguentava mais mesmo, “não
não, tu furou o pneu, olha!”, realmente furei o pneu traseiro e nem reparei,
ainda bem que foi no finalzinho, hehehehe!!

Bom, essa prova deixou claro que treino correto, uma boa estratégia, uma bela
dose de ousadia e muito trabalho em equipe dão bons resultados! Também contei com a torcida de amigos e com a presença de uma pessoa muito especial, melhor que o troféu, um belo beijo na minha chegada... hehehe...
Parabéns meu
amigo e grande atleta Diego Carvalho da IronSul pelo merecido 1º lugar!!